Pelo motivo certo
Este fim-de-semana encontrei o meu certificado da licenciatura. Pelo meio também desencantei o certificado da parte curricular do mestrado que frequentei no Técnico, cuja tese nunca cheguei fazer: Este ultimo certificado serviu para me lembrar que tive uma grande nota a Sistemas Periciais, com um trabalho marado que juntava fogos florestais e método dos casos.E fiquei a pensar o quão fácil é mostrar o meu currículo com estes certificados e estas notas e puxar dos galões. E quão mais difícil é mostrar um currículo feito a estudar e a trabalhar sozinha, cujo único certificado são os clientes que te vão recomendado, passando a palavra. Às vezes, penso em voltar a estudar, em inscrever-me num curso, só para ter um papel destes, relativo à minha nova vida. Um carimbo, um selo. Mas depois passa-me. Hei-de voltar a estudar, sim, mas lá para depois dos sessenta, a tirar uma coisa estupidamente improvável, como antropologia ou sociologia, que só tenha como serventia fazer-me aprender algo que sempre quis e que, por isso, me fará sentir uma pessoa melhor. Vou ser a aluna mais velha da sala, cheia de cabelos brancos, completamente às aranhas (ainda mais do que agora, se é que é possível) a meter-me nas conversas da malta nova, como a Alda e o “Colega” faziam quando eu andava na universidade. Hei-de voltar a estudar, sim, tenho a certeza. Mas pelo motivo certo.